
Com: Jeon Ji-hyeon, Cha Tae-hyeon, Yang Geum-yong, Song Ok-sook, Han Jin-hee, Kim In-moon, Kim Il-woo. Diretor: Kwak Jae-yong Coréia do Sul, 2001 Cor – 137 min./122 min.
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=mZQCHWOM9bw
Cotação: 9.0
O pobre rapaz que suporta todas as loucuras dela se chama Gyeon-woo. Ele é o narrador da história que começa com ele voltando ao lugar onde dois anos atrás enterraram uma cápsula do tempo e combinaram de se encontrar. Na cidade, dois anos antes, o jovem estudante se depara com uma moça caindo de bêbada no metrô e após uma série de acontecimentos, os dois começam a passar mais tempo juntos se tornando uma espécie de casal. De início, Gyeon-woo quer apenas curar a dor que vê nela e livrá-la das lembranças de um doloroso passado, mas logo as coisas mudam.

Ao contrário do que a sinopse pode sugerir, “My Sassy Girl” é uma comédia, e das boas. Sucesso de bilheteria na Coréia do Sul (país natal do trabalho) à época do seu lançamento (2001), só perdendo em bilheteria para o filme ‘Chingu’, o longa é um OVNI no meio de tantas comédias imbecis feitas mundo afora todos os anos e um exemplo de que com diálogos inteligentes, um pouco de boa vontade, bons atores e direção, é, sim, possível fazer com que uma premissa que soa ‘rasa’ se transforme numa história interessante capaz de prender até uma pessoa que não é fã do gênero, como eu.
O filme é dividido em três atos: os dois primeiros, que se concentram no começo da relação dos dois, os detalhes dela e na construção dos personagens, além de servirem também como os recipientes em que a comédia se desenvolve, e o prolongamento, do qual falarei mais adiante.

O grande diferencial do trabalho reside no modo como tudo é feito, que é bem original. A maneira como certas situações são tratadas são realmente muito inteligentes. A cena em que surge um ‘clima’ entre os protagonistas, por exemplo, poderia facilmente cair no óbvio, mas o roteiro não permite. Além disso, o humor (certas vezes non sense) é muito bem empregado. A cena em que ‘ela’ e Gyeon-woo estão no metrô e fazem uma aposta é hilária. As seqüências com o pai ‘dela’ são ótimas também (vide a referência ao episódio do Chapolin no qual o pirata Alma Negra bebe o sonífero. Hehehe).

Grande parte do mérito pelo sucesso da obra está nos dois atores principais: a bela Jeon Ji-hyeon, que também pode ser vista em Il Mare (cujo remake é "A Casa do Lago") , e Cha Tae-hyeon, que carregam o filme praticamente sozinhos. A primeira interpreta de forma competente e divertida uma pessoa completamente instável e descontrolada, que num momento está bem e no seguinte está explodindo de raiva querendo matar o pobre Gyeon-woo. O segundo se sai muito bem como o bom rapaz sem rumo na vida que suporta as muitas mudanças de humor dela e se propõe a praticar esportes que não domina (“por que a bola sempre atinge a minha cara?”), escalar uma montanha apenas para tê-la por perto, entre outras coisas. O monte de caras e bocas dos dois me lembraram o Jim Carrey, mas nada muito exagerado.

Tão bom é o trabalho deles que após os dois primeiros atos estamos realmente preocupados e angustiados com o desfecho que vai se insinuando. E não tente comparar ‘My Sassy Girl’ com qualquer outra comédia que você á tenha visto. Aqui não há espaço para sentimentalismo barato nem lições de moral. Funcionando como antítese dos dois primeiros atos, nos quais o riso rola solto, o prolongamento é puramente emocional e dramático, sem situações forçadas para estimular o riso e o choro.

Seja qual for a sua resposta para essas perguntas, prepare-se rir (e chorar, se você for mais sensível) bastante com esse filme que, sem nenhum medo de exagerar, considero a melhor comédia romântica já feita. Quem sabe vendo o filme com amigos você não conheça uma “pessoa do futuro”...
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O filme não tem distribuição no Brasil, mas (pra variar) vai ganhar um remake americano que será dirigido por Yann Samuel e terá no elenco a linda Elisha Cuthbert (de "Um Show de Vizinha") e Jesse Bradford (de "A Conquista da Honra"). Alguém aí quer apostar que o remake não vai chegar aos pés do original?
Um comentário:
Talvez seja um bom filme mesmo. Ao que me parece já que o prolongamento é uma antítese dos 2 primeiros atos, que é uma comi-tragédia ( ou tragi-comédia ), a não ser que tenha entendido errado. Não sou fã dos filmes orientais, mas sei que muitas das coisas que gosto do cinema americano são remakes dos orientais. O problema dos remakes americanos é que, com isso, os filmes originais passam desapercebido e acabam agregando a qualidade do filme apenas ao remake, já que a maioria desconhece o original do filme ( eu sou um desses da maioria, mas gostaria que esses filmes fossem divulgados por aqui também ).
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